Os políticos
brasileiros tentam recuperar as imagens desgastadas diante da opinião pública
no país. Porem o Papa e a diplomacia presentes certamente se chocaram com
tamanho desrespeito.
(Coluna Vera
Magalhães - Folha de SP, 23/07) - ”Não tenho ouro nem prata’’,
falou o Papa Francisco em português tranquilo e impecável, diante de uma
plateia VIP que se abalou de Brasília até o Palácio Guanabara para lhe beijar a
mão”.Foi à tradução mais explícita do estilo despojado, simples de Francisco,
lembrado a cada gesto dele no Brasil, de fechar a porta do carro a dar dois
beijinhos na bochecha da presidente Dilma Rousseff.O
contraste das palavras do Papa era enorme não só com o tom empolado e marqueteiro
da fala de Dilma, ademais bem maior que a do visitante, mas também com os atos
da audiência empertigada que o aplaudia.
O anfitrião, o
governador Sérgio Cabral, tem de pedir licença não para ''entrar no coração''
daqueles que governa, para citar outro trecho da singela mensagem papal, mas
para sair de sua casa, cuja rua está interditada por manifestantes há semanas.
Já o prefeito
Eduardo Paes se esqueceu do ''amor fraterno'' a que se referiu Francisco na sua
fala e, há alguns meses, desferiu um soco na cara de um munícipe que o abordou
num restaurante para xingá-lo e criticar a sua administração.
O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da
Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), tiveram
de despender um tanto de ''ouro e prata'' para reembolsar os cofres públicos de
voos em aviões oficiais que utilizaram para compromissos particulares
--festividades como um jogo de futebol e um casamento.
Nada mais
distante do papa, que fez todos os engravatados esperarem por um longo tempo
porque, ao optar por se deslocar no Rio num carro simples, se perdeu no
trânsito da capital e teve a passagem interrompida por pessoas ávidas por
vê-lo.
Quantos ali
puderam sentir o mesmo calor humano após os protestos de junho? Mais que isso:
quais das autoridades que foram atrás de fotos e bênçãos do papa franciscano
poderiam se dar ao luxo de passear pela Avenida Rio Branco com os vidros do
carro (não blindado) abertos?
Os políticos
brasileiros tentam recuperar as imagens desgastadas diante da opinião pública
no país. Porem o Papa e a diplomacia presentes certamente se chocaram com
tamanho desrespeito.
(Coluna Vera
Magalhães - Folha de SP, 23/07) - ”Não tenho ouro nem prata’’,
falou o Papa Francisco em português tranquilo e impecável, diante de uma
plateia VIP que se abalou de Brasília até o Palácio Guanabara para lhe beijar a
mão”.Foi à tradução mais explícita do estilo despojado, simples de Francisco,
lembrado a cada gesto dele no Brasil, de fechar a porta do carro a dar dois
beijinhos na bochecha da presidente Dilma Rousseff.O
contraste das palavras do Papa era enorme não só com o tom empolado e marqueteiro
da fala de Dilma, ademais bem maior que a do visitante, mas também com os atos
da audiência empertigada que o aplaudia.
O anfitrião, o
governador Sérgio Cabral, tem de pedir licença não para ''entrar no coração''
daqueles que governa, para citar outro trecho da singela mensagem papal, mas
para sair de sua casa, cuja rua está interditada por manifestantes há semanas.
Já o prefeito
Eduardo Paes se esqueceu do ''amor fraterno'' a que se referiu Francisco na sua
fala e, há alguns meses, desferiu um soco na cara de um munícipe que o abordou
num restaurante para xingá-lo e criticar a sua administração.
O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da
Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), tiveram
de despender um tanto de ''ouro e prata'' para reembolsar os cofres públicos de
voos em aviões oficiais que utilizaram para compromissos particulares
--festividades como um jogo de futebol e um casamento.
Nada mais
distante do papa, que fez todos os engravatados esperarem por um longo tempo
porque, ao optar por se deslocar no Rio num carro simples, se perdeu no
trânsito da capital e teve a passagem interrompida por pessoas ávidas por
vê-lo.
Quantos ali
puderam sentir o mesmo calor humano após os protestos de junho? Mais que isso:
quais das autoridades que foram atrás de fotos e bênçãos do papa franciscano
poderiam se dar ao luxo de passear pela Avenida Rio Branco com os vidros do
carro (não blindado) abertos?
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