sábado, dezembro 09, 2006

POLÍTICA: Relação de Trabalho e a Arte da Competitividade

Do Ex-Blog de César Maia - 03/12/2006
Dois artigos publicados durante o mês de novembro de 2006
1. Do professor Ulrich Beck da Universidade de Munich. Um lúcido -e raro-pensador de esquerda no mundo de hoje.
Diz ele:
a) Quanto mais às relações de trabalho sejam desregularizadas e flexibilizadas, mais rapidamente a sociedade será transformada de uma sociedade do trabalho em uma sociedade do risco, na qual nem o modo de vida para as pessoas, nem as medidas para o Estado e a política, serão previsíveis.
b) A margem de manobra do Estado é reduzida ao dilema entre financiar um menor nível de pobreza, em troca de um alto nível de desemprego, (como ocorre na maioria dos paises europeus), ou então, aceitar a pobreza evidente com um nível de desemprego menor, como nos EUA.
c) A renúncia à utopia significa a renúncia ao poder. A renúncia aberta à utopia é um cheque em branco ao abandono da política por parte da própria política. Só quem é capaz de entusiasmar-se, ganha apoios e conquista o poder. Quanto mais imaginativa a política, mas crível e grande em seu entusiasmo se converte à pretensão de fazer política, tanto mais forte será, porque reativará sua própria lógica interna.
2. Do professor Natalio Botana -historiador e politólogo Argentino. Um lúcido -e raro- pensador, que articula instrumentos teóricos com análise de conjuntura.
Diz ele:
a) A arte da competitividade-a soma inteligente de alternativas e alternâncias - não se aprende da noite para a manhã. Na realidade, o desenvolvimento de tal estilo depende da capacidade representativa da sociedade civil. Se nossa sociedade é incapaz de fazê-lo e de apresentar alternativas viáveis frente às políticas que encarnam os governos, não há porque se estranhar que os sistemas sem alternância sigam impondo sua lógica.
b) Assim, se provará, mais uma vez, que as hegemonias, personalistas ou de partidos, são também produto da debilidade dos contrários, (da oposição). Na medida em que estes encontram algum vínculo de união, capaz de transcender o mero oportunismo eleitoral, as coisas começam a mudar.