“As reformas estruturais só podem dar frutos se
forem feitas em conjunto com medidas de crescimento. Não é uma escolha entre
"crescimento ou austeridade".
(Gerhard Schröder / Jacques Delors – El País, 24) 1. As crises
econômicas dos últimos anos ajudaram a Europa a tomar novas medidas para uma
maior integração, começando com medidas de estabilização financeira e por um projeto
de união bancária que ainda está em construção. A essa altura, todo mundo já
sabe que ter uma zona monetária única, sem uma política fiscal comum, é um
convite para o tipo de crise que temos vivido. Contudo, a Europa chegou a
este ponto relutante e sujeita a grandes tensões, com base em uma série de
acordos entre os líderes de governo que, na opinião de muitos, estão permitindo
que os estados maiores e mais poderosos imponham suas políticas
antidemocráticas aos outros.
2. Em vários países,
especialmente Itália, Grécia e Espanha, em que os custos sociais do ajuste têm
sido particularmente elevados, se está produzindo uma reação cada vez mais
generalizada contra a própria ideia de Europa. Além disso, de um tempo para cá,
podemos observar o aumento preocupante dos partidos e movimentos que parecem
pensar que a reafirmação nacionalista os irá livrar de imperativos comuns
envolvendo o governo europeu ou que acreditam que o protecionismo lhes
permitirá evitar a obrigação de encontrar uma maneira de lidar com a falta de
competitividade europeia.
3. O resultado
inegável é que os cidadãos europeus não estão dispostos a avançar no caminho
das reformas e da integração, se não lhes é dada voz e voto na hora de
determinar o curso, e enquanto não houver um programa comum de emprego e de
emergência para mostrar que a Europa serve para alguma coisa.
4. a) Entre o
momento que você tem que tomar decisões difíceis e o momento em que as reformas
tenham efeito e se obtenha os resultados, leva algum tempo. Em alguns casos,
este intervalo pode ser de até cinco anos. E isso é um problema para os
políticos quando neste período são realizadas eleições, como acabamos de ver na
Itália.
b) As reformas
estruturais só podem dar frutos se forem feitas em conjunto com medidas de
crescimento. Em geral, o debate atual é uma repetição daquele que já tivemos em
2003 e 2004, no que diz respeito ao Pacto Europeu de Estabilidade e
Crescimento.
5. É obrigatório que
sempre exista uma correlação entre a vontade de empreender reformas estruturais
e uma vontade de ser solidário. Não é uma escolha entre "crescimento ou
austeridade". Estamos convencidos de que as duas políticas podem ser
combinadas de forma inteligente, de fato, precisam ser combinadas. Precisamos
de disciplina orçamentaria, precisamos de reformas estruturais, mas o programa
de austeridade deve vir acompanhado de fatores de crescimento. Um aspecto
fundamental é a luta contra o desemprego entre os jovens na Europa. Não podemos
nos resignar a ter uma "geração perdida" cada vez maior em todo o
continente porque, em muitos países, mais da metade dos jovens estão
desempregados. Os líderes europeus que irão participar da reunião aberta do
Instituto Berggruen, em Paris, em 28 de maio, irão abordar esta questão e
apresentarão sua proposta de um "Novo Pacto para a Europa".
(Ex- Blogger de Cesar Maia – dia 31.05.2013).